quinta-feira, 27 de janeiro de 2011




UM POEMA QUE EU QUERIA TER ESCRITO



"Eu te amo - disse.

E o mundo despencou-lhe nas costas.

Não havia de sofrer tanto.

O mundo pesa sobre o amor.

Leveza dá pena no espaço.

E se teu amor por mais pedra não voar:

liberta tuas costas do peso que não carregas.

E se teu amor por mais pena não mergulhar:

vai te banhar e olha-te no olhar que não te cegas.

Se teu amor te pesa mais que o mundo que carregas:

degela-o e deixa-o beber os deltas."




GERO CAMILO




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A HISTÓRIA DO TEXTO





Há palavras que dizem tanto,

tão inundadas de beleza,

que ficamos o observá-las e sentí-las.

É como se fossem nossas,

embora nacidas de outras mãos.

Esta é a magia de um poema:

se fazer vida em outras vidas.







Ouvi este poema pela primeira vez

na voz de um cantor goiano chamado RUBI,

inserida em uma música intitulada AI,


de autoria de TATA FERNANDES e KLEBER ALBUQUERQUE.

O vídeo traz esta música.


RUBI canta com a alma, com o espírito

e com a vida.

Segue a letra da música para quem se der o presente


de acompanhar a canção.

Sem pressa, sem tempo, sem depois...






AI

Deu meu coração de ficar dolorido

Arrasado num profundo pranto

Deu meu coração de falar esperanto

Na esperança de se compreendido

Deu meu coração equivocado

Deu de desbotar o colorido

Deu de sentir-se apagado

Desiluminado

Desacontecido

Deu meu coração de ficar abatido

De bater sem sentido

Meu coração surrado

Deu de arrancar o curativo

Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra

Pra curar de significado

O escuro aço denso do silêncio

No coração trespassado



"Eu te amo - disse.

E o mundo despencou-lhe nas costas.

Não havia de sofrer tanto.

O mundo pesa sobre o amor.

Leveza dá pena no espaço.

E se teu amor por mais pedra não voar:

Liberta tuas costas do peso que não carregas.

E se teu amor por mais pena não mergulhar:

Vai te banhar e olha-te no olhar que não te cegas.

Se teu amor te pesa mais que o mundo que carregas:

Degela-o e deixa-o beber os deltas."


Deu meu coração de ficar abatido

De bater sem sentido

Meu coração surrado

Deu de arrancar o curativo

Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra

Pra curar de significado

O escuro aço denso do silêncio

No coração trespassado

Ai

Ai ai

Ai












segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


ENTRE SINFONIAS E SILÊNCIOS
Texto de Aluísio Cavalcante Jr.


Há dias que ao olhar-me,

Percebo-me como oceano,

E para onde olho sempre vejo,

Muitos barcos a navegar em mim.



Mas há dias que ao olhar-me,

Percebo-me como barco,

E para onde olho nunca vejo,

Oceanos onde eu possa navegar.



Assim vou vivendo os meus dias.

Nos dias de oceano, sou sinfonia.

Nos dias de barco, sou silêncio.

E me assusta ver que com o passar do tempo,

Cada vez mais existem dias de silêncio

Habitando em mim.





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A HISTÓRIA DO TEXTO





O tempo conduz muitas vidas à solidão.

Quem dera que não fosse assim...